O Trucoé o Jogo do Diabo

Chamavam-no de Pedro Calavera. Nasceu na beira do rio. Isaltina, sua mãe, contava que ele saiu do ventre bem na costa do Ibicuí. Caiu do ventre já dentro da água e foi puxado, feito um peixe fisgado, pelo cordão umbilical. A mãe, uma lavadeira de corpo magro e rosto guarani, viveu a vida e a morte na beira do rio. Uma pobre mulher que fora estuprada, arrastada pelos cabelos e assassinada por um bandido castelhano, foragido de Corrientes. O corpo de Isaltina só foi encontrado dois dias depois. Foi achado pelo marido e os três filhos, estava coberto por galhos, num capão de mato costeiro.
Da mãe, Pedro carregava uma ausência sempre presente. Inexplicável. Como se ela, mesmo morta, resistisse nele, vivendo em silêncios e revivendo nos sonhos. Sempre num flagelo daquilo que nunca existiu. A mãe e o filho. Juntos de mãos dadas numa vida que nunca viveram.
Na memória, Pedro guardava da mãe uns cheiros e umas canções que ela cantava ao lavar roupas ou na hora de ir dormir. Mas ele tinha uma lembrança clara: o brilho dos seus olhos maternais, tristes e amendoados. Um olhar que contemplava ao final do dia, em silêncio e corpo cansado, o movimento do rio calmo. A mãe era um vulto em cada pensamento, e dela, é claro, ele guardava a história do próprio nascimento.
Após a mãe ter sido morta, sua irmã mais velha foi levada por um tio para morar em Itaqui, na casa de uma madrinha. Casou-se e em seguida foi morar no interior de São Francisco. A irmã do meio, que tinha doze anos, foi parar na casa de uma família rica que residia em Uruguaiana, para estudar e trabalhar na casa. Mas ela nunca estudou, apenas trabalhou bastante. O pai de Pedro, um ex-peão posteiro, depois de dar todos os filhos, arrumou uma nova mulher e foi morar no Passo da Cruz.
Das coisas do início da vida, Pedro lembra uns pedaços. Recortes de quando ele tinha menos de cinco anos. Depois, ele lembrava apenas que foi criado pela tia Diamantina.
A tia era uma benzedeira que morava na beira do Touro Passo e tinha outros quatro filhos, todos mais velhos que o pequeno órfão recém chegado. Pedro foi deixado na porta do rancho de barro, seu pai nem desceu do cavalo. Despediu-se com um acenar de cabeça, largou-o aos cuidados da cunhada.
Parado na entrada do rancho, Pedro ficou de pés descalços, vestindo sua única muda de roupas e trajando um olhar de medo que só usaria novamente aos 45 anos. Diamantina, pegou-o pela mão e não lhe disse nada, apenas o levou para dentro de casa. Menino, ele aprendeu que a vida era um jogo difícil, ao menos, até aquele momento. A sua curta vida já era um jogo feito com mais derrotas do que vitórias (...)

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