

O olho esquerdo de Iret-Neferet
Por Edison Hütter
Um ano depois, retornei a Cerro Largo para solicitar autorização de pesquisa, e assim, comprovar, por meio de um relatório científico, se o crânio do Museu 25 de Julho era de fato uma múmia egípcia.
Olhos de múmias egípcias. Os olhos artificiais são feitos de materiais radiopacos (com estruturas brancas ou escuras) e materiais radiolúcidas (calcita ou linho). Os raios-x não conseguem atravessá-las e evidenciam interpretações dúbias.5 Londres, British Museum. Nestawedjat. Naque imenso museu existe uma múmia de mulher egípcia que viveu em Tebas no ano de 2.700 a.C. A múmia passou por um scanner.
A partir da localização do objeto fluorescente no tomógrafo, utilizamos uma pinça para movê-lo, com cuidado, deslocando-o das faixas de linho e do betume (resina natural de cor preta). Tiramos o objeto para fora. De olho à olho, senti que era algo surpreendente, na minha visão. Só poderia ser um olho (fig. 3). Olho: Altura: 2,5 cm; Largura: 2,6 cm; Comprimento: 3, 2 cm. Peso: 7.34 gr.
Tiramos amostra da esclerótica, a parte branca do olho. A partir da caracterização da análise, o material pode ser descrito como um frag- mento de rocha carbonática de composição calcítica. A outra parte do olho era composta de tecido de ceda. Além disto, comparamos o olho com os olhos artificiais egípcios. Concluímos que era um olho artificial egípcio de verdade, utilizado em mumificações. A primeira pesquisa revelou a pista que todos esperávamos. Começamos a aprofundar (...) por que o olho esquerdo? Não havia nenhum sinal, código ou escrito nas faixas que envol- via a múmia, não foi possível descobrir seu verdadeiro nome, mas tínhamos seu olho esquerdo. O olho artificial de rocha e seda, com fragmentos de betume, foi a inspiração para forjar a identidade da múmia e seu nome próprio. Numa noite de abril, em Porto Alegre, dialogando com o egiptólogo Moacir Elias Santos, escolhemos o nome da múmia: Iret-Neferet, que significa ‘a mulher de olho bonito’. Tudo tem seu tempo. Olho de Hórus. O Olho de Hórus ou Udjat é um símbolo que nos veio do Egito Antigo (fig. 4). O olho fabuloso já era conhecido em 2575 a 2134 a.C. Hórus era filho de Isis e Osíris. Tudo começou numa luta épica, entre Seth e Hórus pelo trono egípcio. Seth representa a guerra, o caos. Este arrancou o olho esquerdo de Hórus. Este foi substituído por um amuleto. Mas como não dava para ter a visão total, foi colocado uma serpente na cabeça de Seth. Com o passar do tempo o olho foi restaurado por Thot (tio de Seth). Udjat significa “curado” ou “restaurado”. O amuleto reproduziu uma saliência que espelhou lagrimas, que naturalmente brilha na face da ave de rapina. O amuleto passou a re- presentar a união do olho humano com o olho do falcão, a sobrancelha representa o olho humano e as linhas desenhadas representam o olho do falcão: animal simbólico de Hórus. Segundo Araújo:

Publicações
EMBAIXADA DO EGITO: Pesquisa brasileira inédita revela célula intacta de múmia. Disponível em
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS BRASIL-ÁRABE. Múmia egípcia de 2,5 mil anos tem origem comprovada. Disponível em
GZH. ZERO HORA. Múmia egípcia que estava em museu de Cerro Largo tem origem confirmada por universidade gaúcha. Disponível em
CORREIO DO POVO. Múmia egípcia será exposta em Porto Alegre a partir de terça-feira. Disponível em
JORNAL DO COMERCIO. Exposição de múmia egípcia de 2,5 mil anos é inaugurada na Pucrs. Disponível em
JORNAL O SUL. Brasileiros acham células intactas em múmia de 2 mil e quinhentos anos. Disponível em