

A Lenda da Cruzinha - Rolador/Missões/RS
A região das Missões, no noroeste do Rio Grande do Sul, é rica em narrativas de fé, martírio e resistência. Entre essas histórias que atravessam gerações, destaca-se a da Cruzinha do Padre Monge, situada na localidade de Serrinha, no interior do município de Rolador/RS. Esta narrativa popular é marcada por elementos místicos, religiosos e históricos que reforçam o imaginário coletivo missioneiro.
Segundo relatos orais de moradores antigos, o personagem conhecido como Padre Monge teria percorrido diversas localidades a pé, partindo do Santuário do Caaró, deixando uma cruz por onde passava como símbolo de sua missão evangelizadora. Conforme a lenda, ele foi assassinado na localidade de Serrinha, sendo sua cabeça enterrada na Argentina, em um lugar conhecido como Cerro do Monge. Supõe-se que tais fatos teriam ocorrido há cerca de 400 anos, em pleno período das reduções jesuítico-guaranis, embora não haja registros oficiais que confirmem esse evento com precisão documental.
Com o tempo, a cruz original deteriorou-se, sendo substituída por uma nova, colocada no mesmo local por moradores devotos, como forma de preservar a memória do religioso e o valor simbólico do espaço. A história ganhou ainda mais notoriedade quando, segundo fiéis, uma luz intensa teria descido do céu certa noite, contornado os braços da cruz e voltado aos céus. O fenômeno, considerado sobrenatural, foi interpretado como um sinal divino de bênção e consagração do local.
A crença na Cruzinha do Padre Monge ilustra a força das manifestações populares de religiosidade, que mesclam tradição oral, elementos sobrenaturais e práticas devocionais. Tal narrativa pode ser compreendida à luz da teoria da religiosidade popular como forma de resistência simbólica, conforme aponta Brandão (1986), para quem a fé popular constrói e conserva territórios de sentido diante da ausência de comprovação histórica formal.
Não se pode afirmar com certeza se os acontecimentos descritos são verídicos ou mitológicos. Contudo, sua permanência no imaginário coletivo e a constância de romarias, preces e homenagens junto à cruzinha revelam que a fé, enquanto fenômeno cultural, transcende a lógica empírica e reafirma o lugar da memória como patrimônio espiritual e identitário do povo missioneiro.
REFERÊNCIA
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é religiosidade popular. São Paulo: Brasiliense, 1986.
Saiba mais sobre Rolador:
Site: Arroio Rolador
Site: Igreja de Santa Rita de Cassia
Site: Ponte Ferroviaria de Rolador
Site: Ponte entre Rolador Cerro Largo
Site: Prefeitura Municipal de Rolador
Site: Lenda da Cruzinha - Rolador
Site: A casa de Pedra - Rolador
Site: Brigada Militar de Rolador
Site: Praça Pompilho de Oliveira Peixoto