Artur Arão: O Rebelde que Desafiou a História nos Pampas Gaúchos


Nascido em 1904 como Artur Alberto de Mello, na região que hoje compõe o município de Giruá-RS, Artur cresceu à sombra do legado imponente de seu pai, o coronel Pedro Arão (Pedro Alberto de Mello), nascido em 1870 em São Luiz Gonzaga-RS. Com espírito inabalável, pai e filho seguiram juntos por um caminho que os marcaria para sempre como maragatos – os valentes de lenço vermelho que empunharam armas e ideais contra os chimangos, seguidores fiéis de Borges de Medeiros e seus lenços brancos.
A Revolução de 1923 explodiu como reflexo das tensões políticas e sociais que fragmentavam o Rio Grande do Sul. Era mais do que um conflito entre grupos: era o duelo entre dois projetos de poder. De um lado, Borges de Medeiros, com sua hegemonia de décadas no governo estadual; do outro, Joaquim Francisco de Assis Brasil, líder dos que ansiavam por liberdade, honestidade política e descentralização. Nessa luta, Artur e Pedro alinharam-se incondicionalmente aos ideais de Assis Brasil, desafiando o autoritarismo com coragem e determinação.
Em meio às batalhas, pai e filho empreenderam uma jornada lendária pelos pampas gaúchos, atravessando a vila de Independência, em Santo Ângelo-RS, até Vila Buricá. Sua missão? Proteger a Liga Colonial dos ataques dos revolucionários chimangos, que ameaçavam os colonos na região. Por onde passavam, deixavam um rastro de inspiração entre os oprimidos e de inquietação entre os poderosos. Determinados, participaram de combates intensos, estrategicamente planejados, desafiando as forças que sustentavam o regime.
Uma de suas ações mais ousadas ocorreu sob o manto da noite. Em uma vila pacata, Artur, Pedro e seus companheiros invadiram o posto policial de Independência. Sem derramar uma gota de sangue, neutralizaram os guardas e libertaram trabalhadores injustamente detidos. A operação consolidou seu status como protetores do povo, mas também atiçou a ira das elites regionais.
A resposta veio rápido. O coronel local, figura influente e implacável, declarou guerra aberta a Artur e Pedro, colocando um preço sobre suas cabeças e espalhando espiões pela região. Apesar disso, os dois se mantiveram firmes. Com astúcia e profundo conhecimento das rotas e atalhos do campo, continuaram operando nas sombras, ajudando os necessitados e desafiando a opressão.
Nas noites solitárias, sob o céu estrelado que cobria os campos e matas de Independência, Artur e Pedro refletiam sobre os rumos de suas jornadas. Os dilemas os assombravam: seriam libertadores ou fora-da-lei? Apesar das incertezas, ambos sabiam que sua luta simbolizava algo maior – a resistência em um tempo de desigualdades e injustiças.
Os eventos da Revolução de 1923 não foram apenas conflitos de guerra, mas capítulos de uma disputa maior, entre aspirações de um futuro mais justo e os fantasmas do autoritarismo. Artur, ainda jovem, trilhou com coragem sua parte dessa história, ao lado de seu pai. Não foram apenas combatentes; tornaram-se lendas vivas em uma era onde a liberdade parecia tão vasta e inatingível quanto os pampas e matas que os cercavam.
Por: Arcélio Alberto Preissler
 

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